A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apresentou, nesta segunda-feira (7/7), o balanço do primeiro semestre de 2025 e alertou para os desafios enfrentados pela indústria automotiva brasileira. Apesar do avanço na produção e nas exportações, o setor ainda lida com juros elevados, aumento da inadimplência e recuo nas vendas ao consumidor final.
O acumulado de produção no semestre foi de 1,22 milhão de autoveículos, um crescimento de 7,8% em relação ao mesmo período de 2024. Já as exportações saltaram quase 60%, com destaque para o mercado argentino, responsável por mais da metade do volume enviado ao exterior. No entanto, nos dois últimos meses, o ritmo das fábricas diminuiu: só em junho, houve recuo de 6,5% frente a maio.
Ao comentar a divergência entre os indicadores de produção e vendas internas, o presidente da Anfavea, Igor Cavalet, ponderou: “Uma coisa é a nossa produção, outra coisa é o movimento do mercado”. Segundo ele, o setor segue atento ao cenário macroeconômico: “Vamos continuar acompanhando essa taxa de juros, afinal de contas, se a nossa economia crescer é natural que nosso mercado de caminhões também cresça e nós vamos trabalhar para que isso aconteça no segundo semestre”.
A taxa Selic, hoje em 15% ao ano, é a maior dos últimos 15 anos. Os juros médios para aquisição de veículos chegam a 27,6% ao ano para pessoas físicas, o que pressiona o consumo e ajuda a explicar a retração nas vendas no varejo. Entre janeiro e junho, o volume de automóveis e comerciais leves vendidos diretamente ao consumidor caiu 10%. Já os caminhões acumularam o terceiro mês consecutivo de retração.
Com menor dinamismo no mercado interno, o setor viu nos modelos importados e nas vendas diretas parte da compensação. Os emplacamentos de veículos estrangeiros cresceram 15,6% no semestre, enquanto as vendas para locadoras dispararam 59,8%, somando 264 mil unidades. Modelos chineses, sobretudo eletrificados, ampliaram presença e encerraram o período com mais de 110 mil unidades em estoque.
O desempenho do mercado de veículos eletrificados, aliás, foi um dos destaques do semestre. Em junho, eles representaram 28% dos emplacamentos de veículos leves, mantendo o ritmo de crescimento iniciado em 2024. A importação de eletrificados chineses teve aumento de 15%, apesar do recuo nos emplacamentos totais desses modelos frente ao primeiro semestre do ano passado.
Do ponto de vista do emprego, o cenário é de alerta. Após mais de um ano em alta, o setor perdeu cerca de 600 postos de trabalho diretos nos últimos meses, fechando junho com o mesmo número de empregados que um ano antes. A Anfavea lembra que cada vaga direta em uma planta automotiva pode gerar até 10 empregos indiretos, o que amplia o impacto dessas demissões.
Outro fator de preocupação é o crescimento da inadimplência. Em maio, o índice entre pessoas físicas chegou a 4,9%, o maior desde 2023. Entre as empresas, foi o maior desde 2017, atingindo 3,1%. A associação projeta que os índices devem continuar em alta, impactando o financiamento de novos veículos.
A evolução da indústria como um todo também mostra sinais de estagnação. Segundo dados da Anfavea, o setor automotivo ainda opera abaixo dos níveis pré-pandemia e pré-crise de 2015. Em comparação a 2011, a produção industrial geral recuou 13%, enquanto a de veículos encolheu 35%.
Mesmo com os desafios, o setor automotivo mantém expectativas de crescimento no médio e longo prazo. A previsão é de que R$ 130 bilhões sejam investidos até 2030, impulsionando inovação e transição para novas tecnologias de mobilidade.
Fonte: correiobraziliense
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